Aprender mandarim é fácil ou difícil? - SEM DEMAGOGIA
Já há muitos artigos que exploram à exaustão as facilidades do aprendizado do mandarim em relação ao do português (ausência de gênero e de conjugação verbal, gramática "simples", etc...). Com exceção da gramática "fácil", posso dar testemunho das outras duas facilidades.
Eu mesmo já afirmei que a gramática chinesa é fácil. De fato, se tomarmos a gramática do português como referência, é bem provável que a equivalente chinesa seja bem mais acessível; no entanto, como demonstrei na aula de apresentação do curso de gramática chinesa, os objetos de estudo e os conceitos abordados na gramática do mandarim são bem diversos daqueles aos quais estamos acostumados. Eis alguns exemplos:
- Princípio da proporcionalidade.
- Palavras pertencentes concomitantemente a diversas classes gramaticais.
- Estrutura flexíveis e inflexíveis.
- Ideogramas identificadores da classe gramatical.
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1. A quebra do circuito leitura-fala-escrita
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Nas línguas que somos mais familiarizados, como o inglês, o espanhol e o francês, o circuito fechado leitura-fala-escrita não costuma ter muitos entrecortes e discrepâncias, de modo que, não importa qual o foco que adotemos, quase sempre acabaremos por desenvolver as outras habilidades de algum modo, ou seja, há uma ligação muito mais orgânica entre a língua escrita e a falada. Já na língua chinesa, assim como acontece em certo grau com o japonês, a forma escrita da língua não revela tanto a respeito do modo como as palavras devem ser lidas: há uma espécie de barreira entre os caracteres e os seus respectivos modos de leitura.
De fato, o problema existe, e não é à toa que o 拼音 (China),注音 (Taiwan) e ローマ字 (Japão) ajudam tanto no aprendizado do mandarim e do japonês, respectivamente. Felizmente, como demonstro nas minhas aulas sobre a Lógica da Formação dos Ideogramas e no curso de gramática da língua chinesa que atualmente ministro, é possível localizar,, nos próprios ideogramas, alguns elementos que sugerem as suas pronúncias. Portanto, a dificuldade pode ser amenizada e, depois de aprendidos os macetes, o problema já não assusta tanto.
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Outro ponto levantado pelo professor Moser é a dificuldade que os estrangeiros e até mesmo os chineses têm em se adaptar aos diferentes modos de falar do mandarim, muitos dos quais não passam de um ajuntamento confuso entre o utópico Putonghua e algum outro dialeto.
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No entanto, eu não superestimaria esse problema. Já estive onde o Judas chinês perdeu as botas, mas sempre, de um modo ou de outro, com maior ou menor dificuldade, consegui me comunicar razoavelmente com os habitantes locais.
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请讲普通话 方便你我他 (Por favor, fale Putonghua e facilite para todo o mundo) O governo chinês tem feito um grande esforço para disseminar o Putonghua (língua comum; ou "mandarim padrão").
Alguns chineses, principalmente os mais velhos, falavam um mandarim terrível, mas me compreendiam muito bem; afinal, todo o mundo tem uma televisão com CCTV em casa. Talvez o problema se manifeste com mais intensidade em regiões como o Tibet ou Xinjiang, mas não estive por aquelas bandas.
Resumo da ópera: se eu consegui, vocês conseguem também.
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